terça-feira, agosto 16

Laboratório de Sismologia da CPRM recebe dados sismológicos nacionais e internacionais em tempo real

Figura 01 – Danos causados pelo terremoto de magnitude 5.1, 
no ano de 1986, em João Camara, Rio Grande do Norte.

Embora terremotos de grandes proporções não ocorram no Brasil, nosso país possui uma atividade sísmica que não pode ser ignorada. Em geral são tremores de baixa intensidade. Há, contudo, registros ocasionais de terremotos com magnitude próxima a 5, que podem danificar estruturas e causar pânico. Temos, como exemplo, o terremoto de João Câmara (1986), Rio Grande do Norte, de magnitude 5.1, onde várias casas foram danificadas e grande parte da população se mudou à época da cidade (Figura 01). Eventos como esse mostram a importância da identificação de áreas de maior sismicidade, por meio de uma rede sismográfica consistente e estruturada que possa dar uma resposta rápida à sociedade em caso de terremotos.


Figura 02 - Distribuição das estações 
sismográficas brasileiras.
Entendendo a importância de uma rede sismográfica integrada, que seja responsável pela gestão dos dados gerados pelas diversas instituições de pesquisa do país, a Diretoria de Geologia e Recursos Minerais (DGM) da CPRM fechou recentemente um acordo de cooperação com a Rede Sismográfica do Brasil (RSBR), composta pelas quatro instituições nacionais de maior experiência e atuação em sismologia no Brasil (USP, UnB, UFRN e Observatório nacional), passando a partir de agora a ser a integradora e a principal gestora das informações sismográficas brasileiras, por meio de seu Laboratório de Sismologia. A CPRM passa a ter a responsabilidade, também, de ser o principal órgão para a comunicação e divulgação dos eventos sísmicos ocorridos no país.

Exemplos desse tipo de cooperação ocorrem em diversos países, como na França, onde a rede sismográfica é operada conjuntamente por diversas instituições de pesquisa e universidades, com forte apoio governamental, e na Grã-Bretanha, país de sismicidade relativamente baixa, como no Brasil, mas que conta com monitoramento permanente, com a rede sismográfica sendo mantida pelo Serviço Geológico Britânico (BGS - British Geological Survey).

Em operação desde julho de 2016 na sede da CPRM de Brasília, hoje a rede recebe dados de 87 estações no Brasil e outras 36 distribuídas pelo mundo (tabela 01), em uma cobertura que permite determinar os epicentros de eventuais terremotos no país.

Rede Sismográfica
Número de Estações
Instituição de Coordenação
BL
25
Universidade de São Paulo
(USP)
BR
23
Universidade de Brasília
(UnB)
G
14
Institut de Physique du Globe de Paris
(IPGP)
GT
6
United States Air Force / United States Geological Survey (USAF/USGS)
IU
19
Incorporated Research Institutions for Seismology / United States Geological Survey
 (IRIS/USGS)
NB
18
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
 (UFRN)
ON
18
Observatório Nacional
 (ON)

Tabela 01 - Listagem das Redes Sismográficas conectadas à CPRM.


A conexão dos dados enviados a partir das estações com as respectivas instituições recebedoras (figura 02) é realizada em tempo real, via satélite. Assim que os dados chegam às instituições, são imediatamente redirecionados para as redes internas da CPRM (figura 03), possibilitando realizar a determinação dos epicentros e interagir, de maneira eficaz, com órgãos como a defesa civil, ambiental e outros.


Figura 03 - Recepção de dados sismológicos enviados por instituições 
de várias partes do mundo.

Além de monitorar os sismos e seus eventos causadores, o Laboratório de Sismologia tem como objetivos realizar estudos aplicados sobre a estrutura profunda da crosta e do manto, utilizando técnicas como modelagem geodinâmica, tomografia sísmica e função do receptor, dentre outros. Esses estudos, desenvolvidos em parceria com as equipes da CPRM ou com instituições de pesquisa e ensino, permitirão que se avance no conhecimento da evolução tectônica da terra, com diversas aplicações diretas e indiretas, em especial subsidiando programas de exploração mineral e o planejamento estratégico relativo ao uso e ocupação do solo, a fim de minimizar possíveis prejuízos em caso de eventos sísmicos.

Para contatos e informações:
CPRM – Serviço Geológico do Brasil
Iago Costa / Marcos Vinícius Ferreira
Fone: (61) 21088400 (Geral CPRM Brasília)
e-mail: sismologia@cprm.gov.br